A França continua a desiludir na esgrima

A Espada individual masculina sorriu à Coreia do Sul através de Park Sang-young, ele que esteve afastado do circuito mundial devido a lesão e operação ao joelho em 14/15, mas regressou em grande e bate os franceses e restantes concorrentes para obter o máximo galardão, o ouro olímpico. A final foi de uma tremenda recuperação para ‘roubar’ o ouro ao húngaro Geza Imre.

De 41 anos, Geza Imre confirma a sua longevidade. Ele foi bronze em Atlanta 1996, conquistou a prata em Atenas 2004, na prova de equipas, e obtém agora a prata individual, 20 anos depois da subida ao pódio olímpico pela primeira vez! O húngaro já havia realizado um desempenho notável no último mundial para conquistar o título.

Gauthier Grumier de França já tinha ficado desolado com a prata mundial, falhando novamente o objectivo dourado e quedando-se pelo bronze. O excelente Yannick Borel, também de França, foi apenas 5.º.

O campeão de 2012, Ruben Limardo da Venezuela, ficou-se pela 21.ª posição, atrás do seu irmão mais novo Francisco, 16.º.

Apenas Elena Novikova-Belova havia arrecadado o ouro olímpico para a Rússia (então URSS) no Florete Individual Feminino, em 1968, ela que foi a primeira esgrimista feminina a conquistar quatro medalhas de ouro olímpicas. Em 2016 a russa Inna Deriglazova torna-se a segunda russa de sempre a conseguir o topo olímpico no florete individual, batendo na final a italiana Elisa di Francisca, numa repetição da final do Grande Prémio de Xangai.

A Itália, que tinha feito o pleno em 2012 com a equipa de sonho composta por Valentina Vezzali, tricampeã olímpica entre 2000 e 2008 e bronze de Londres, Arianna Errigo e Elisa di Francisca, a campeã que agora conquista a prata.

Arianna Errigo, líder do ranking, foi a desilusão deste vento, acabando em 9.ª.

O desenvolvimento tunisino na esgrima feminina continua a dar resultados e Ines Boubakri obteve o bronze, a primeira medalha para a Tunísia nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

A França é que continua a desiludir na esgrima e volta a ficar fora das medalhas nesta prova, Thibus e Guyart foram 5.ª e 6.ª no florete individual feminino.

O sabre é um gosto magiar, masculino e feminino, notando-se isso perfeitamente no quadro histórico de medalhas. No Rio 2016 Aron Szilagyi defende o título de 2012 com sucesso e triunfa na final sobre o norte-americano Daryl Homer, a surpresa da prova. Na posição de bronze ficou o líder do ranking mundial, o sul-coreano Jung-hwan Kim.

As provas por equipas arrancaram com a Espada Feminina e finalmente a excelente Ana-Maria Branza, agora Popescu, tem um colectivo que a catapulta para o título olímpico, acompanhada por Loredana Dinu, Simona Gherman e Simona Pop. Depois das conquistas em Mundiais e Europeus eis que temos a Roménia no cimo colectivo da espada feminina.

Na final as romenas derrotaram as chinesas, campeãs em título. O bronze foi para a Rússia, que derrotou as surpreendentes estónias.

Campeãs nos I Jogos Europeus, celebraram com espargata.

 

A globalidade do judo nota-se no medalheiro

O russo Khalmurzaev surpreendeu a concorrência para conquistar o ouro olímpico nos -81 kg masculinos do Judo. O líder do ranking mundial, Tchirikishvili da Geórgia, não foi além do 5.º lugar e o campeão do mundo Takanori Nagase do Japão apenas conquistou o bronze.

Nos Europeus de Kazan, Khasan Khalmurzaev já havia ameaçado, com o título europeu, culminando o seu processo evolutivo com o título no Rio de Janeiro.

A ronda inaugural teve um embate imprevisto, face ao desempenho no Mundial de 2015, enfrentaram-se o francês Loic Pietri, vice-campeão do mundo, e o canadiano Antoine Valois-Fortier, que foi derrotado por este nas meias-finais em Astana, ‘vingando-se’ nos Olímpicos para deixar pelo caminho o gaulês logo de entrada, acabando contudo por findar no 7.º lugar apenas, depois do bronze de 2015.

Para os EUA rumou a prata por via de Travis Stevens. O moldavo naturalizado pelos Emirados Árabes Unidos Sergiu Toma arrecadou o bronze, primeira medalha de sempre na modalidade para o país do Golfo Pérsico e segunda absoluta nos Olímpicos, depois do ouro no Duplo Fosso do Tiro em Atenas 2004.

Nos -63 kg femininos o ranking fez-se ‘respeitar’, a nº 1 do ranking, Tina Trstenjak da Eslovénia, foi ouro, a nº 2 do ranking, Clarisse Agbegnenou, foi vice-campeã olímpica, repetindo-se a final mundial de 2015 no Rio de Janeiro 2016. Trstenjak sucede à compatriota Urska Zolnir como campeã olímpica.

Na posição de bronze ficaram a israelita Yarden Gerbi, campeã do mundo em 2013, vice-campeã do mundo em 2014 e a quem faltava mesmo uma medalha olímpica. A holandesa Anicka Van Emden repete o pódio do Mundial de 2015.

Nos 70 kg a líder do ranking, Kim Polling da Holanda, perdeu de entrada com a japonesa Haruka Tachimoto, na primeira surpresa da categoria.

Esta vitória catapultou Tachimoto para uma notável competição e o título olímpico.

Muitos não saberão que, antes de afamada nas MMA, Ronda Rousey conquistou o bronze olímpico no Judo e precisamente nesta categoria, em Pequim 2008.

Yuri Alvear da Colômbia confirma o seu estatuto de 2 do mundo e obtém a prata olímpica no Rio 2016, melhorando o bronze de 2012 naquelas que são as únicas medalhas ‘cafeteras’ do judo olímpico.

A britânica Sally Conway e a alemã Laura Vargas Koch obtiveram o bronze, quedando-se a favorita espanhola Maria Bernabeu, vice-campeã mundial, pelo 5.º lugar. A campeã do mundo Gévrise Emane perdeu na chave para Sally Conway e falhou sequer o diploma olímpico.

Célio Dias desiludiu na sua estreia nos 90 kg olímpicos, perdendo de entrada para um judoca abaixo do lugar 200 no ranking.

Mashu Baker do Japão foi o vencedor, numa prova onde o campeão do mundo em título e líder do ranking, o sul-coreano Dong-han Gwak, ficou em 3.º

O campeão europeu, Varlam Liparteliani da Geórgia, conquistou a prata olímpica, mantendo a tradição georgiana na modalidade.

Além do sul-coreano, também subiu ao pódio o chinês Xunzhao Cheng. O russo Denisov e o húngaro Toth foram as grandes desilusões desta categoria.

Depois de falhar por completo nos Mundiais de 2015, Kayla Harrison defende o título de Londres com sucesso e é novamente campeã olímpica de judo nos -78 kg, apenas a nona de sempre no judo olímpico a defender o título com sucesso e já ‘lançada’ para o MMA pelos media norte-americanos.

Aqui também prevaleceram os rankings e a prata foi para a 2.ª do ranking mundial, a francesa Audrey Tcheumeo, que havia sido bronzeada em Londres 2012.

Mayra Aguiar deu mais uma razão de sorriso e festejo aos brasileiros com o bronze, repetindo o feito de 2012. Igualmente medalhada foi a eslovena Anamaria Velensek, vice-campeã do mundo em título. A campeã do mundo, Mami Umeki do Japão, foi surpreendida ainda na chave pela húngara Abigel Joo.

Nos 100 kg o ‘nosso’ ‘Jorginho’ Fonseca, jovem luso-são-tomense, foi o que mais trabalho deu ao futuro campeão olímpico, o checo Lukas Krpalek, o que diz bastante do desempenho de Jorge Fonseca, eliminado no segundo combate mas de cabeça totalmente erguida e a noção de que poderá fazer muito mais no judo depois desta prestação.

O difícil combate com o português ‘calejou’ Krpalek para o máximo sucesso olímpico, culminado na vitória final sobre o azeri Elmar Gasimov. O favorito nipónico e campeão do mundo em título, Ryunosuke Haga, ficou em 3.º lugar, tal como o francês Cyrille Maret.

Jorge Fonseca deixou água na boca e promete bastante para Portugal, ele que nasceu no paradisíaco arquipélago de São Tomé e Príncipe.

 

A era de Uchimura e a nova ginástica feminina

Se a famosa, agora por outras razões, McKayla Maroney, Jordyn Wieber e Kyla Ross, todas ainda muitíssimo jovens mas já fora da ginástica feminina, parte do quinteto brilhante de 2012, que deu de novo o título feminino colectivo aos EUA, agora – além da excelente Gabrielle Douglas e de Aly Raisman – conta com a soberba Simone Biles, que reforça um novo modelo na ginástica feminina, agora mais potente, pujante, a ‘fugir’ da esteticidade que durante décadas foi marcante e distinguiu seriamente o feminino do masculino.

Madison Kocian e Laurie Hernandez completam a equipa que defende com sucesso o título de equipas de 2012 na ginástica feminina.

Em 2015 os EUA foram secundados por China e Grã-Bretanha no pódio do Mundial, contudo a Rússia conseguiu superar as rivais para se pratear no Rio 2016, defendendo assim o vice-título de 2012, novamente com Mustafina e Paseka mas com as novidades Angelina Melnikova, Daria Spiridonova e a interessante Seda Tutkhalyan, filha de um antigo lutador soviético e nascida na Arménia. Nos I Jogos Europeus de Baku esta equipa esteve irrepreensível e venceu.

A China foi 3.ª da competição.

São cada vez mais os que asseguram Kohei Uchimura como o melhor ginasta de todos os tempos e o japonês defendeu o título de 2012 com sucesso, mantendo o estatuto de melhor da actualidade, sendo o corrente hexacampeão do mundo no All-Around individual!

Campeão europeu e vencedor dos Jogos Europeus, o ucraniano Oleg Verniaiev conseguiu surpreender no All-Around e atingir a prata, acabando por ‘dar razão’ à opção colectiva ucraniana em poupá-lo na prova de equipas, mesmo que tenha sido uma péssima imagem dada com somente dois ginastas em vários aparelhos.

Verniaiev perde o ouro por menos de uma décima (92.365 contra 92.266)!

Max Whitlock da Grã-Bretanha foi 3.º. Apenas 12.º na qualificação, o inglês de 23 anos consegue superar os chineses, os russos o outro nipónico.

Prata em 2012, Marcel Nguyen da Alemanha realizou uma prova muito aquém do aguardado.

Desde Sydney 2000 que o All-Around individual não via dois europeus no pódio olímpico.

Simone Biles chegou e arrebatou todos, batendo inclusive a compatriota – já ela muito potente nas prestações – Gaby Douglas. No Rio de Janeiro confirmou a sua ascensão ao poder na ginástica e obtém o ouro olímpico adiante da compatriota Aly Raisman. Aliya Mustafina sonhava em poder chegar mais longe, depois do bronze em Londres, mas a russa não foi capaz de chegar perto das norte-americanas e fica-se pela 3.ª posição novamente em prova marcada por prestações menos conseguidas da russa Seda Tutkahlian, das italianas Carlota Ferlito e Vanessa Ferrari, da holandesa Lieke Webers ou da suíça Giulia Steingruber, entre outras.

 

A perfeição de Ruolin Chen e o fim do pleno sonho chinês

Em Pequim 2008 Ruolin Chen não tinha sequer 18 anos, que completaria no final do ano, mas aí venceu a Plataforma de 10 Metros e o Sincronizado da Plataforma de 10 Metros, este com Xin Wang, em Londres 2012 repetiu a graça, duplo ouro, no sincronizado emparelhando com Hao Wang. No Rio de Janeiro abre a participação com o ouro no Salto Sincronizado de 10 Metros, com uma terceira parceira distinta, Huixia Liu.

Desde 2007 que Ruolin Chen é campeã do mundo nos Saltos Sincronizados da Plataforma de 10 Metros e vence a Taça do Mundo de Saltos para a Água da FINA nesta disciplina.

O seu impacto nos Saltos para a Água verifica-se desde logo por ter sido a primeira saltadora chinesa a ser campeã do mundo, campeã olímpica e campeã da Taça do Mundo.

No quarto evento dos Saltos para a Água é o quarto ouro chinês, em busca do pleno dourado.

Na posição prateada ficou a parelha malaia Cheong Jun Hoong/Pandelela Rinong Pamg, que surpreendeu concorrentes mais fortes, na teoria, como as mexicanas Espinoza/Orozco, prata de Londres, que ficaram em 6.º, o par norte-coreano ou a dupla britânica.

Esta medalha, a sétima de sempre da Malásia, quarta de prata, segunda medalha nos Saltos para a Água, precisamente por Pandelela Rinong Pamg na Plataforma 10 metros em Londres 2012, onde conquistou o bronze, vale-lhes uma pensão para a vida (bem mais justo face aos serviços prestados ao país comparativamente com o que sucede com muitos políticos).

Na posição de bronze há sangue português na dupla canadiana composta por Roseline Filion e Meaghan Benfeito, esta com avós naturais de Porto Formoso, na Ribeira Grande açoriana.

Esta dupla canadiana defendia o bronze de Londres, foi vice-campeã do mundo em 2013 e 2015 e por certo esperava uma prata no Rio de Janeiro.

Um fabuloso último salto, o quarto melhor pontuado da competição, conjugado com um menos bom de norte-coreanas e britânicas, observou Benfeito/Filion arrecadarem o bronze no último suspiro.

Nos Sincronizados da Prancha de 3 Metros, masculino, Kai Qin, bicampeão olímpico em título,  a fazer par com Yuan Cao, acabou superado pela dupla britânica Chris Mears/Jack Laugher, bronze nos Mundiais de Kazan 2015, atrás dos campeões chineses – e favoritos aqui – e dos russos Kuznetsov/Zakharov, prata em Londres e que falharam redondamente esta prova, terminando-a em 8.º lugar.

Ainda mais surpreendente foi a prata dos norte-americanos Sam Dorman e Mike Hixon. O ‘cupping’ parece ser mesmo muito apoiante na armada norte-americana da natação.

A prova ficou marcada por algo nunca antes visto, com um protesto devido ao acender de uma luz no momento do salto a ser acedido, recusado, a dupla mexicana a preparar-se para repetir o salto e observar a anulação do pedido quando já se encontravam na prancha para realizar novamente o mesmo.

 

Chega a China de ouro no halterofilismo

Campeã mundial, ainda júnior, nos -58 kg, em 2010, ano em que venceu igualmente os Jogos Olímpicos da Juventude, a chinesa Deng Wei chegou ao Rio de Janeiro com o bicampeonato mundial nos -63 kg e arrebatou a prova sem surpresa, estabelecendo um novo máximo mundial. Hyo-sim Choe da Coreia do Norte arrecadou a prata, 14 quilos abaixo do recorde hoje estabelecido por Deng Wei ou Wei Deng. Depois da prata de Irina Nekrassova em 2008 e o ouro de Maiya Maneza em 2012, o Cazaquistão parece estar a iniciar uma tradição de pódio olímpico na categoria e desta feita é Karina Goricheva a conquistar o bronze para o país.

A subida das categorias de peso está, finalmente, a trazer os chineses para o topo, como habitual, depois da ausência destes nas categorias mais leves. Nos 69 kg masculinos o triunfo coube a Zhiyong Shi suceder a Guozheng Zhang, Hui Liao e Qingfeng Li como campeão olímpico da categoria, quarto consecutivo. Após a ausência de 2012, a Turquia regressa às medalhas olímpicas no halterofilismo através do naturalizado Daniyar Izmayilov, que esteve nos Jogos de 2012 pelo seu país natal, o Turquemenistão, agora obtendo a prata sob a bandeira turca. O pódio bastante jovem, 22/23 anos, fechou-se com Azzat Artykov do Quirguistão, a quarta medalha olímpica da história no país, primeira no halterofilismo.

Apesar de uma lesão no pescoço, Yanmei Xiang confirmou o seu favoritismo nos 69 kg para recuperar o ouro olímpico para a China, perdido em 2012 para a Coreia do Norte. Depois de Weining Lin (2000) e Chunhong Liu (04, 08). Nesta categoria surgem duas estreias no pódio, o Cazaquistão por Zhazira Zhapparkul, vice-campeã mundial em título, e a egípcia Sara Ahmed, de somente 18 anos, uma das recentes sensações do halterofilismo.

Depois do brilho nas provas jovens Sara Ahmed surge em grande estilo nos Jogos do Rio e bate as rivais pela medalha de bronze.

Os países do pódio dos 69 kg femininos e 77 kg masculinos foram os mesmos, apenas alterando-se a ordem. O campeão em título, Xiaojun Lyu, foi batido pelo cazaque Nijat Rahimov, que confirmou desta forma o título mundial que obteve no ano passado em Houston, observando-se a nova dança excêntrica do seu treinador. Prata em Almaty 2014 e bronze em Houston 2015, o egípcio Mohamed Ihab Mahmoud conquistou o bronze no Rio 2016.

 

O slalom França-Eslováquia continua

Durante mais de uma década a canoagem de slalom em canoa foi dominada por dois nomes, o fabuloso francês Tony Estanguet – filho de um canoísta de eleição, Henri Estanguet, irmão de um também medalhado olímpico, Patrice Estanguet, e o não menos fantástico Michal Martikan da Eslováquia, o primeiro a dar um ouro olímpico ao seu país, em Atlanta 1996.

Quando Tony Estanguet se sagrou campeão olímpico em Londres 2012 fez história no desporto gaulês, tornou-se no primeiro do país a vencer por três vezes o mesmo evento olímpico.

Em Novembro de 2012 Tony Estanguet anunciou a retirada da competição, ele que faz parte do comité de atletas do COI, servindo um duplo mandato que correrá até 2020.

Michal Martikan dispensa apresentações, pelo menos para quem conhece um pouco da canoagem em águas bravas. O Mundial, que tem uma periodicidade bienal, viu Martikan no pódio ininterruptamente entre 1995 e 2010! Entre 2007  e 2010 foi campeão europeu e este ano, 2016, a competir em ‘casa’ – Liptovsky Mikulas – subiu novamente ao pódio com a prata, apenas atrás do compatriota Slafkovsky, mas é mesmo Matej Benus quem representa a Eslováquia na prova individual.

Campeão olímpico em Atlanta, vice-campeão olímpico em Sydney e Atenas, campeão em Pequim e bronze em Londres 2012, Martikan é uma lenda da canoa em águas bravas.

O duelo entre Estanguet e Martikan teve um capítulo sucessório no Rio de Janeiro 2016. Gargaud-Chanut tinha Tony à sua frente, campeão mundial em 2011, foi sempre ‘relegado’ para fora dos Jogos Olímpicos face à superioridade do compatriota. A estreia fez-se no Brasil e a ‘herança’ – como tão bem descreveram os gauleses – foi mais do que cumprida, vencendo Denis Gargaud-Chanot a prova de C1 em águas bravas.

Matej Benus, o escolhido para representar a Eslováquia, foi prata na competição, honrando igualmente a sucessão ao seu companheiro Martikan.

Histórico foi o nipónico Takuya Haneda, a conseguir a primeira medalha para o Japão na canoagem olímpica. Haneda vive na Eslováquia desde os 18 anos e é orientado por Milan Kuban, antigo especialista em C2.

O checo Vitezslav Gebas terminou em 4.º e os favoritos Sideris Tasiadis, da Alemanha, prata de 2012, melhor da qualificação, foi 5.º, David Florence, britânico, campeão do mundo, com final em 10.º, e o esloveno vice-campeão mundial Benjamin Savsek, 6.º, terminaram como os grandes derrotados.

O norte-americano Casey Eichfeld, o espanhol Ander Elosegui e o português José Carvalho – belo 9.º lugar e final conquistada – foram os restantes finalistas. Chegou em 2016 o tão almejado desejo e objectivo.

No K1 o favorito checo foi surpreendido pelo britânico Joe Clarke, que assim se consagrou campeão olímpico, algo que nem Paul Ratcliffe (2000), nem Campbell Walsh (2004) conseguiram antes, apenas alcançando a prata nesta disciplina.

Campeão do mundo em 2009 e 2011, o esloveno Peter Kauzer consegue a medalha que lhe faltava no amplo historial, conquistando a prata olímpica de 2016.

Jiri Prskavec chegou aos Jogos como campeão do mundo individual e por equipas, parecia destinado ao ouro mas ainda não foi desta que a República Checa ouviu o seu hino na prova olímpica individual de K1 slalom.

A Grécia tem uma nova estrela, estende-se o reino de Jong-oh Jin e Al-Deehani escreve história

Já tinha conquistado o bronze no Tiro de Pistola a 10 metros, mas Anna Korakaki sobe patamares e arrecada o ouro nos 25 metros. A jovem de 20 anos já entra na história do Tiro grego e promete muito mais. 5.ª do ranking mundial nesta disciplina, Korakaki não se intimidou com nomes como Boneva, 2.ª do ranking, 8.ª na semifinal, a eterna Nino Salukvadze, nos seus oitavos Olímpicos, campeã olímpica de 1988, que conseguiu surpreender tudo e todos e ascender à final aos 47 anos, apesar do actual ranking de 43.ª e ser mais conhecida pela superior qualidade a 10 metros, foi 6.ª e realizou uma brilhante qualificação, terminando-a em 3.ª, como a chinesa Jingjing Zhang, líder do ranking mundial, que perdeu a medalha de bronze para a suíça Heidi Diethelm Gerber, a alcançar uma histórica medalha com a mesma idade da georgiana, caso para dizer que a maturidade vem com a idade. Campeã europeia em 2011 e 2013, está mesmo na melhor forma da sua vida e culmina com a medalha olímpica uma carreira dedicada ao tiro.

Monika Karsch, número 10 do mundo, obteve a medalha de prata, começando a Alemanha – ao quarto dia – a somar pódios.

No Tiro de Pistola Masculina a 50 metros o sul-coreano Jong-oh Jin torna-se no primeiro atirador a ser campeão olímpico por três vezes consecutivamente numa disciplina, isto depois de ter conquistado a prata em Pequim 2008 e além do triunfo nos 10 metros em Londres. Ralf Schuurman da Alemanha foi campeão no Tiro Rápido em Barcelona, Atlanta e Atenas, falhando contudo o titulo de Sydney.

Alicerçado na confiança adquirida com a vitória nos 10 metros, o vietnamita Xuan Vinh Hoang obtém prata. Nunca o Vietname havia obtido medalhas no tiro, em 2016 soma duas. Ainda mais surpreendente foi o bronze do norte-coreano Song Guk Kim, apenas 67 do ranking mundial, que assegura aos norte-coreanos a terceira medalha de sempre no tiro.

Seung-woo Han da Coreia do Sul, Zhiwei Wang da China, Vladimir Gontcharov da Rússia, Pavol Kopp da Eslováquia e o chinês Wei Pang, a grande desilusão da final, pois partia como claro candidato à prata, foram os restantes finalistas.

Tal como na Pistola a 10 metros, João Costa ficou a dois pontos da final, em 11.º lugar, ele que tinha realizado um belo desempenho na Taça do Mundo de Munique no ano passado, com vitória, ficando naturalmente frustrado por falhar a final, mas continuando a demonstrar-se entre os melhores do mundo.

No Duplo Fosso Olímpico foi o independente Fehaid Al-Deehani, caminho do meio século de vida, oriundo do Kuwait, país pelo qual venceu o bronze em Sydney 2000 e obteve também o 3.º lugar em Londres 2012, mas no Fosso Olímpico.

A exclusão do Kuwait por parte do COI, face a intervenções governamentais, obrigou Al-Deehaini a competir sob a bandeira do Movimento Olímpico, mas ele continua orgulhosamente kuwaitiano e é apenas mais uma face da dualidade de critérios do COI e outras instâncias internacionais. Al-Deehaini havia sido convidado a envergar a bandeira do movimento olímpico, que recusou, naturalmente, afirmando que apenas transportaria a do seu país. Aliás os kuwaitianos encontram-se bem abaixo no ranking mundial devido aos desentendimentos existentes.

O grande derrotado da final foi o jovem australiano James Willett, vencedor do test event há uns meses, vencedor do apuramento como novo recorde olímpico e líder do ranking mundial, que ficou fora das medalhas. Andreas Loew da Alemanha, que igualou Willett na qualificação, passando a co-deter o recorde olímpico, também ficou fora do pódio.

Na qualificação foram diversos os favoritos a ficarem fora da final. O norte-americano Joshua Richmond, o russo Mosin, bronze de 2012 e prata no test event. O maltês Chetcuti, 3.º do ranking mundial, também falhou a entrada na final, assim como o medalhado de 2008, o chinês Binyuan Hu.

Na sua quarta olimpíada – e após falhar as finais nas anteriores – Marco Innocenti de Itália conquista a prata. O bronze foi obtido pelo britânico Steven Scott. Na final esteve ainda Tim Kneale, igualmente da Grã-Bretanha.

Muitas surpresas, portanto, nesta prova.

 

 

França volta a surpreender no hipismo

Ninguém esperava que os franceses fossem campeões olímpicos do Team Eventing de hipismo em Atenas 2004, eles que apenas haviam atingido um pódio olímpico em 1960, mas foram-no.

Em 2016 voltam a causar sensação ao baterem alemães, australianos, neozelandeses e britânicos para um título que se esperava rumar à vizinha Alemanha, onde três dos cavaleiros/amazonas defendiam o título olímpico de 2012 (Sandra Auffhart, Michael Jung e Ingrid Klimke, esta dourada igualmente em Pequim 2008).

Em 2012 a equipa alemã superou a britânica e a neozelandesa, quedando-se pela prata em 2016, enquanto os neozelandeses ficaram em 4.º e a Grã-Bretanha foi 5.º.

Aqui a surpresa de Atenas 2004.

Shane Rose, que fez parte da formação australiana medalha em Pequim 2008, está igualmente no bronze do Rio de Janeiro 2016.

A equipa gaulesa campeã foi composta por Karim Laghouag a montar Entebbe, Thibault Valette em Qing du Briot, Mathieu Lemoine em Bart L e Astier Nicolas em Piaf de B’Neville.

A Alemanha continua abaixo do esperado e apenas no hipismo soma as primeiras medalhas dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, foram três dias a ‘seco’ para a fortíssima selecção desportiva germânica.

Michael Jung, a montar Sam FBW, deu o primeiro ouro do Rio à Alemanha, vencendo o Evento Individual do hipismo, prova em que defendia o estatuto de campeão olímpico. Esta é uma das parelhas mais reconhecidas do circuito mundial e confirma aqui o estatuto de líderes do ranking mundial.

O surpreendente Astier Nicolas com Piaf de B’Neville foi uma das figuras no título gaulês e consegue para si a prata individual, um feito para o corrente 17.º do ranking mas figura ascendente no circuito. Desde México 1968, onde venceu Jean-Jacques Guyon com Pitou, que a França não subia ao pódio individual do Evento.

O 3.º do ranking mundial, Phillip Dutton dos EUA, com Mighty Nice, foi o bronze da competição individual.

Depois de edições com pares femininos no pódio, Sally Clark e Kerry Millikin em Atlanta’96, Kim Severson e Philippa Funnell em Atenas’04, Gina Miles e Kristina Cook em Pequim’08 e Sara Algotsson Ostholt e Sandra Auffharth em Londres’12, o Rio de Janeiro tem novamente três homens no pódio do Evento Individual.

Spartacus faz despedida em beleza

Apesar das quedas nos últimos dois anos, de parecer perder fulgor para a concorrência, antevíamos Fabian Cancellara como o favorito à conquista do ouro olímpico no contra-relógio, isto depois de ter trabalhado bastante em prol dos compatriotas na corrida em linha.

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Fabian Cancellara despede-se como ciclista profissional vencendo a vertente que mais o consagrou, o contra-relógio, sagrando-se novamente campeão olímpico. Foto: http://www.cyclingnews.com

O seu enorme sucesso foi questionado há 2/3 anos atrás, insinuando-se que usaria um motor na bicicleta, mas todas as observações realizadas nada detectaram e percebe-se toda a potência deste helvético em cada corrida, ultimamente no trabalho para outros, demonstrando uma enorme capacidade de sacrifício e altruísmo.

A potência demonstrada a cada evento de demonstração individual granjeou-lhe a alcunha de ‘Spartacus’, nome do mais famoso ‘escravo’ e lutador dos tempos romanos, que liderou a rebelião dos escravos contra os romanos.

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Uma das bicicletas desenhadas especialmente para Cancellara. http://www.road.cc

Numa altura em que tanto se fala do recente desenvolvimento do ciclismo em África, particularmente no ‘Corno de África’ e com uma equipa sul-africana no Pro Tour, não deixa de ser curioso notar que o primeiro campeão olímpico de contra-relógio, em Estocolmo 1912, foi um sul-africano; Rudolph Lewis, infelizmente falecido precocemente fruto das enfermidades que contraiu na I Guerra Mundial, quer no combate, quer no tempo em que esteve como prisioneiro de guerra.

Em 1920 voltou a haver um medalhado sul-africano no contra-relógio, Henry Kaltenbrunn, prata, que somou medalhas em estrada e pista nos Jogos de Antuérpia.

Entre 1928 e 1992 o contra-relógio não fez parte do programa olímpico, regressando em 1996 com dobradinha espanhola, Miguel Indurain a surpreender o especialista Abraham Olano para o ouro e o outro enorme especialista, o britânico Chris Boardman, a obter o bronze.

Em 2000 o super-equipier Ekimov consagrou-se campeão pela Rússia, adiante de Jan Ullrich. Lance Armstrong foi bronze mas a medalha foi-lhe retirada.

Ekimov defendeu o título com sucesso em Atenas, isto depois do norte-americano Tyler Hamilton ter sido desqualificado devido a doping. Bobby Julich foi prata e Michael Rogers bronze, novamente os especialistas do contra-relógio batidos.

Vencedor de três dos cinco monumentos, , Cancellara provou na carreira que era mais do que um contrarrelogista, capaz de obter sucesso em duras competições de um dia.

O seu reinado no contra-relógio do mundial iniciou-se em 2006, repetiu em 2007, não o fez em 2008 pois o foco – bem sucedido – foi olímpico, batendo em Pequim Gustav Larsson e Levi Leipheimer, voltando a sagrar-se campeão mundial em 2009 e 2010. Já havia sido bronze em 2005 e foi-o novamente em 2011 e 2013.

A queda na corrida em linha de 2012 impediu-o de ser bem-sucedido novamente, algo que havia preparado afincadamente. Foi o homem da casa, Bradley Wiggins, vencer à frente do alemão Tony Martin e do também britânico Chris Froome.

Fabian Cancellara sagra-se campeão olímpico aos 35 anos e bate a forte concorrência de Tom Dumoulin da Holanda, de Chris Froome, que repete a performance de Londres, o espanhol Castroviejo, o australiano Rohan Dennis, que terá tido um problema mecânico na ponta final a impedi-lo de chegar ao pódio, o polaco Maciej Bodnar e o português Nélson Oliveira, que consegue um belo 7.º lugar, atingindo assim o diploma olímpico. Ion Izaguirre de Espanha, o britânico Geraint Thomas e o esloveno Roglic completaram o top 10.

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Depois do 13.º lugar de Londres 2012, Nelson Oliveira faz 7.º no Rio de Janeiro. Foto: Comité Olímpico Portugal.

O retorno do contra-relógio de estrada ao universo olímpico fez-se nas duas vertentes, masculina e feminina, e a edição inaugural feminina foi para a cazaque Zulfiya Zabirova, adiante da eterna Jeannie Longo de França e da canadiana Clara Hughes.

Em 2000 foi a holandesa Leontien Van Moorsel a vencer, batendo a norte-americana Mari Holden e Jeannie Longo.

A holandesa defendeu com sucesso o título em Atenas, desta feita superiorizando-se à norte-americana Deirdre Demet-Barry e à suíça Karin Thurig.

2008 marcou o início da era Armstrong. Kristin Armstrong venceu em Pequim, repetiu a dose em Londres e no Rio de Janeiro conquistou um inédito tri. A britânica Emma Pooley foi prata em Pequim, onde Karin Thurig defendeu o bronze de 2004. Em 2012 subiram ao pódio a alemã Judith Arndt e a russa Olga Zabelinskaya, que conquistou a prata em 2016, obtendo o bronze a confiante Anna van der Breggen, com uns Jogos Olímpicos de sonho.

Sun Yang e Katinka Hosszu douram o terceiro dia da natação

Depois do ouro de Londres nos 400 e 1500 livres, Sun Yang junta o ouro nos 200 livres à prata que já tinha conquistado nos 400 no Rio de Janeiro.

O sul-africano Chad Le Clos, especialista da mariposa, tendo conquistado ouro e prata em Londres 2012, conseguiu nadar para a prata nos 200 livres, confirmando a evolução que vem mostrando nesta especialidade.

O bronze foi conquistado pelo norte-americano Conor Dwyer, apenas a três centésimas da prata.

O britânico James Guy, 6.º nos 400 livres, foi 4.º, seguido de Francis Haas dos EUA e do ainda recordista mundial, o alemão Paul Biedermann foi 6.º, o nipónico Hagino 7.º e o russo Krasnykh 8.º.

Katinka Hosszu quer mesmo perpetuar o seu nome e justificar o epíteto de ‘Dama de Ferro’. A recordista mundial dos 100 costas consegue uma ponta ao seu nível para arrebatar o segundo ouro olímpico no Rio 2016.

Kathleen Baker dos EUA foi a 2.ª classificada enquanto o bronze tem direito a dupla subida ao pódio.

Kylie Masse confirma a sua subida nos rankings mundiais e depois de ter batido o recorde canadiano alcança o pódio olímpico. Elaine Tanner, prata em 68, e Nancy Garapick, bronze em 76, antecederam Masse como canadianas medalhadas olímpicas nos 100 costas.

Já Yanhui Fu faz história para a China, a primeira medalha olímpica de sempre do país nos 100 costas, masculino ou feminino!

Mie Nielsen da Dinamarca foi 5.ª, Olivia Smoliga dos EUA 6.* e as desilusões vieram da Austrália, onde a candidata à vitória Emily Seebohm se quedou pelo 7.º lugar e Madison Wilson foi 8.ª.

Nos 100 costas masculinos foi o norte-americano Ryan Murphy a obter o ouro olímpico com novo recorde da competição.

Jiayu Xu viu a sua compatriota e também atinge o pódio. Até 2016 nunca a China tinha ido ao pódio olímpico nos 100 costas, agora consegue bronze no feminino e prata no masculino!

O bronze foi para o também norte-americano David Plummer. O australiano Mitchell Larkin e o francês Camille Lacourt ficaram aquém de um pódio a que eram candidatos. O russo Rylov foi 6.º, o japonês Irie 7.º e o romeno Glinta, a surpresa da final, o 8.º.

A polémica que Lilia King alimentou viu as bancadas incendiarem-se em assobios à russa Efimova. A norte-americana venceu com novo recorde olímpico os 100 metros bruços mas, como a própria Yuliya Efimova indicou e muitos elementos atentos ao fenómeno desportivo avisam, se há nação que não pode ‘atirar pedras’ sobre batota e doping às restantes é mesmo os EUA, onde o caso Balco foi ‘varrido’ para debaixo do tapete e sabe-se que muitos dos envolvidos continuam a trabalhar de forma bem próxima com o desporto dos EUA, onde o escândalo Lance Armstrong apenas veio a público por muita insistência investigativa jornalística e contra as próprias autoridades desportivas e de anti-dopagem, entre muitos outros casos que denunciam facilmente a dualidade de critérios.

Lilia King confirmou o favoritismo nas eliminatórias, onde foi a mais rápida e bateu na final Yulya Efimova, que arrebatou a prata, e a norte-americana Catherine Meili foi bronze.

A chinesa Jinglin Shi foi 4.ª, Rachel Nicol do Canadá 5.ª, Hrafnhildur Luthersdottir da Islândia 6.ª – a surpresa na final – enquanto desiludiu a lituana Ruta Meilutyte, recordista do mundo a denotar uma forma menos boa nesta altura. A jamaicana Alia Atkinson foi a 8.ª.